Se a gente näo tivesse feito tanta coisa
Se näo tivesse dito tanta coisa
Se näo tivesse inventado tanto
Podia ter vivido um amor grand' hotel
Se a gente não fizesse tudo täo depressa
Se näo dissesse tudo täo depressa
Se näo tivesse exagerado a dose
Podia ter vivido um grande amor
Quando eu ainda estava moca algum pressentimento me trazia volta e meia por aqui, a espera do garoto que naquele tempo andava longe, muito longe de existir. Tantos tristes fados eu compus, quanto choro em vão, bolero blues. Eis que do nada ele aparece, já tão desejado que não cabe em si, neste crucial momento, se ele olhar para trás é bem capaz de num lamento acudir ao meu olhar mendigo. Mas aquele ingrato corre e quando já não mais garoto der a meia-volta, claro que não vou estar mais nem aí.
Fechou o tempo, o salão fechou, mas eu entro mesmo assim. Eu sei que fui um impostor, porém me deixe ao menos ser pela última vez o seu compositor. Quem vibrou nas minhas mãos, não vai me largar assim. Acenda o refletor, apure o tamborim, aqui é o meu lugar, eu vim.
Não podia me dar ao luxo de pedir, lembrei-me de todas as vezes em que, por ter tido a doçura de pedir, não me deram.