Fechou o tempo, o salão fechou, mas eu entro mesmo assim. Eu sei que fui um impostor, porém me deixe ao menos ser pela última vez o seu compositor. Quem vibrou nas minhas mãos, não vai me largar assim. Acenda o refletor, apure o tamborim, aqui é o meu lugar, eu vim.

segunda-feira, 7 de maio de 2012


"(...) se são as palavras as memórias do Amor, então escrevo para lembrar do Amor em mim. Porque a poesia é um carinho no outro, uma gentileza guardada nos olhos do amante. E se não é o poeta o tradutor de silêncios e a poesia uma coleção de possíveis, quem sou eu? Sou homem a viver em cada uma das minhas linhas, mesmo que nelas jamais me encontrem; e me revelo pelo conjunto das minhas palavras, mesmo que em cada uma delas eu não possa ser revelado; pois vivo num reino que do meu saber se empresta pra confessar aquilo que ele mesmo é, ainda que em mim falte o que nele sobra: o infinito. A poesia vive atrás dos olhos, e que verdadeiramente nos toca quando sabemos ser as letras apenas o seu reflexo."

(Guilherme Antunes)

Não podia me dar ao luxo de pedir, lembrei-me de todas as vezes em que, por ter tido a doçura de pedir, não me deram.